23.3.14

Recordando António Gedeão...


Ao vigésimo terceiro dia do mês de março, escolhemos um poema de António Gedeão, pseudónimo de Rómulo de Carvalho.

Lágrima de preta

Encontrei uma preta
que estava a chorar,
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.


Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em caso que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

Também vos deixamos este poema cantado por Manuel Freire.






Quanto ao poema dos alunos, selecionámos um da Madalena Marques, aluna da T.5 da E.B. de São Domingos.
Este poema foi construído a partir das sensações transmitidas pela pintura "O Jardim" de Joan Miró.

O Desentendimento no Jardim


Os papás a discutir
Enquanto o bebé está a dormir.
Lá fora o cão a brincar
E o gato a miar.
O canário de castigo
Com o seu amigo.
O arco-íris a aparecer
E as crianças a ver
Apareceu um feiticeiro
A fazer bolas do amor
Que atingiu os papás
E pararam de discutir.




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